sexta-feira, 24 de abril de 2009



Dar aos filhos o que eles mais precisam
FICA óbvio, a partir do que foi apresentado nos artigos anteriores, que os filhos precisam de muito carinho, e é evidente que muitos deles não estão conseguindo o que precisam. A situação em que muitos jovens se encontram hoje sugere exatamente isso. “Nossos jovens nunca estiveram tão distantes de suas famílias, tão desprovidos de experiência e de sabedoria prática”, lamentou uma pesquisadora citada no jornal The Globe and Mail, de Toronto, Canadá.
O que saiu errado? Pode-se atribuir o problema, pelo menos em parte, ao fato de as pessoas desconhecerem a importância de dar atenção às criancinhas? “Todos nós precisamos aprender a ser pais”, explica uma psicóloga que ensina mulheres com baixa renda a cuidar dos recém-nascidos. “E precisamos nos dar conta de que seremos grandemente recompensados pelo tempo que gastamos com os filhos agora.”
Até os bebês precisam de instrução constante. Não apenas de uns minutinhos ocasionais, mas com regularidade — sim, várias vezes ao longo do dia. É imprescindível para o desenvolvimento saudável de seu filho que você gaste tempo com ele desde a primeira infância.

Os sentimentos da mãe para com o filho por nascer são muito importantes

É necessário preparação
A fim de cumprir essa pesada responsabilidade, os pais precisam se preparar para a chegada do bebê. Podem aprender com o princípio mencionado por Jesus referente ao valor do planejamento. Ele disse: “Quem de vós, querendo construir uma torre, não se assenta primeiro e calcula a despesa?” (Lucas 14:28) Criar filhos — normalmente chamado de “projeto de 20 anos” — é bem mais complexo que construir uma torre. Então, para criar um filho é preciso ter um plano de trabalho, por assim dizer.
Em primeiro lugar, é importante preparar-se mental e espiritualmente para essa responsabilidade. Um estudo feito com 2.000 grávidas na Alemanha constatou que eram bem mais saudáveis — emocional e fisicamente — os filhos de mães que desejavam constituir família do que os filhos cujas mães não queriam tê-los. Por outro lado, um pesquisador calculou que uma mulher, num casamento tumultuado, corre um risco 237% maior de dar à luz bebês emocional ou fisicamente prejudicados do que a mulher que tem um relacionamento estável e seguro.
Fica claro, então, que o pai desempenha um papel importante no bom desenvolvimento do filho. O Dr. Thomas Verny observou: “Poucas coisas são mais prejudiciais para uma criança, tanto em sentido emocional como físico, do que um pai que abusa ou negligencia a esposa grávida.” Na verdade, tem-se observado constantemente que o melhor presente que um pai poderia dar ao seu filho é amar a mãe deste.
Hormônios relacionados com ansiedade e estresse, liberados na corrente sanguínea da mãe, podem prejudicar o feto. No entanto, acredita-se que o que realmente prejudica o feto não é a mãe sentir uma emoção negativa passageira ou passar por acontecimentos estressantes uma vez ou outra, mas, sim, ficar extremamente ansiosa ou continuar assim por um longo período. O fator mais importante parece ser como a mulher grávida se sente em relação ao bebê que está para chegar.*
E se você estiver grávida e seu marido não a apoiar, ou se você pessoalmente não gostar da idéia de ser mãe? Não é incomum que as circunstâncias façam com que uma mulher se sinta deprimida em relação à sua gravidez. Porém, lembre-se sempre de que a culpa não é do bebê. Como, então, você pode se manter calma apesar de circunstâncias adversas?
A sábia orientação da Palavra de Deus, a Bíblia, vem sendo de grande ajuda para milhões de pessoas. Ela diz: “Em tudo, por oração e súplica, junto com agradecimento, fazei conhecer as vossas petições a Deus; e a paz de Deus, que excede todo pensamento, guardará os vossos corações e as vossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus.” Você ficará surpresa de constatar que viver segundo essas palavras a ajudará a seguir o conselho de ‘não ficar ansiosa por coisa alguma’. (Filipenses 4:6, 7) Você sentirá o apoio e o cuidado do Criador, que pode tomar conta de você. — 1 Pedro 5:7.


Embora a mãe inexperiente sinta mudanças de temperamento após o parto, ela pode fazer muita coisa para que o bebê se sinta amado e seguro

Não é uma experiência anormal
Logo nas primeiras semanas depois do parto, algumas mães jovens sentem uma inexplicável tristeza e letargia. Até as mães que ficaram contentes com o nascimento do bebê podem se tornar temperamentais. Essas mudanças de comportamento são normais. Isso acontece porque depois do parto a mãe pode ter mudanças drásticas nos níveis de hormônios. Também é comum algumas mães encararem como um desafio muito grande os deveres da maternidade, como amamentação, troca de fraldas e cuidados com o bebê, que não tem noção de horários.
Uma mãe achava que seu bebê estava chorando só para atormentá-la. Não é de admirar que no Japão um especialista em criação de filhos tenha dito: “Ninguém está isento de sentir o estresse relacionado com a criação de filhos.” Segundo esse especialista, “o mais importante para a mãe é nunca se isolar”.
Mesmo que às vezes a mãe se sinta deprimida, ela pode proteger o bebê contra suas mudanças de temperamento. A revista Time publicou: “Mães deprimidas que conseguiram vencer a melancolia, cobrindo seus bebês de atenção e brincando com eles de maneira divertida, têm filhos com atividade cerebral de natureza consideravelmente mais alegre.”#
O pai também pode ajudar
O pai não raro está em melhor condição de prestar ajuda e dar apoio. Quando o bebê chora à noite, muitas vezes o pai pode cuidar das necessidades do bebê para que sua esposa continue dormindo. A Bíblia diz: “Maridos, sejam compreensivos na vida conjugal, mostrando consideração.” — 1 Pedro 3:7, Bíblia Pastoral (1990).
Jesus Cristo forneceu o exemplo perfeito para os maridos seguirem. Ele até deu sua vida por seus seguidores. (Efésios 5:28-30; 1 Pedro 2:21-24) Portanto, os maridos que sacrificam seus confortos pessoais e tomam certas iniciativas em ajudar na criação dos filhos estão imitando a Cristo. De fato, criar filhos é um trabalho conjunto dos dois genitores.
Um trabalho conjunto que requer cooperação
“Nós nos sentamos para conversar detalhadamente sobre que tipo de criação deveríamos dar à nossa filha”, diz Yoichiro, pai duma menina de dois anos. “Toda vez que surge uma questão, conversamos sobre como devemos agir.” Yoichiro se dá conta de que sua esposa precisa de descanso e ele com freqüência leva a filha junto quando sai para fazer alguma coisa fora de casa.
Tempos atrás, quando as famílias eram normalmente maiores e mais unidas, os pais podiam contar com a ajuda dos filhos mais velhos e dos parentes, na criação dos filhos. Portanto, não é de admirar que uma funcionária do Centro de Amparo à Criação de Filhos em Kawasaki, Japão, tenha dito o seguinte: “Na maioria das vezes, as mães ficam aliviadas só de conversar com outros a respeito disso. Com um pouquinho de ajuda, muitas mães conseguem lidar com os obstáculos.”

O pai tem responsabilidades na criação dos filhos
A revista Parents comenta que os pais “precisam de um grupo de pessoas com as quais possam entrar em contato para conversar sobre suas preocupações”. Onde se pode encontrar esse grupo de pessoas? Se tiverem mente aberta, os novos pais e mães poderão se beneficiar da ajuda que os próprios pais e os sogros podem dar nesse respeito. É claro que os avós devem reconhecer que as decisões finais sempre cabem ao jovem casal.%
Outra fonte com que os jovens pais poderão sempre contar são os que compartilham sua fé. Na congregação das Testemunhas de Jeová em sua localidade, você poderá encontrar pessoas que têm anos de experiência na criação de filhos e estão dispostas a ouvir seus problemas, além de estar em condições de dar algumas sugestões úteis. Sempre que necessário, poderá solicitar a ajuda de “mulheres idosas” — termo usado pela Bíblia ao se referir às mulheres com maior experiência na vida como cristãs — que estarão dispostas a auxiliar as mais jovens. — Tito 2:3-5.
É verdade que os pais precisam ser seletivos ao escutar a opinião de outros. “De repente, todos os nossos conhecidos se tornaram especialistas na criação de filhos”, comenta Yoichiro. Takako, sua esposa, admite: “No começo, ficava perturbada com as sugestões dos outros, visto que entendia como crítica à minha inexperiência.” Porém, ao aprender de outros, muitos maridos e esposas foram ajudados a ter um conceito equilibrado sobre prover aos filhos o que eles precisam.
A melhor ajuda disponível
Mesmo que pareça não haver ninguém para lhe ajudar, há uma fonte confiável de poder. É Jeová Deus, nosso Criador, cujos olhos podem ver ‘até mesmo o embrião’ daqueles que nascem na Terra. (Salmo 139:16) Jeová disse certa vez a seu povo antigo, conforme registrado em sua Palavra, a Bíblia: “Pode a mulher esquecer-se de seu nenê, de modo a não se apiedar do filho de seu ventre? Mesmo estas mulheres podem esquecer-se, mas eu é que não me esquecerei de ti.” — Isaías 49:15; Salmo 27:10.
Não, Jeová não se esquece dos pais. Ele deixou escritas na Bíblia várias diretrizes excelentes para os pais criarem os filhos. Por exemplo, uns 3.500 anos atrás, o profeta de Deus, Moisés, escreveu: “Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força vital.” Daí, Moisés disse: “Estas palavras [incluindo a exortação de amar e servir a Jeová] que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de inculcá-las a teu filho, e tens de falar delas sentado na tua casa e andando pela estrada, e ao deitar-te e ao levantar-te.” — Deuteronômio 6:5-7.
Qual é, na sua opinião, o ponto principal dessa diretriz contida na Palavra de Deus? Não seria que a educação dos filhos deve ser feita em base regular, contínua, ou seja, algo a ser feito todos os dias? Realmente, programar um pouco aqui, um pouco ali, o chamado “tempo de qualidade” com os seus pequeninos não é suficiente. Visto que os momentos importantes de comunicação muitas vezes são espontâneos, você precisa estar disponível para os filhos em base regular. Fazer isso tornará possível cumprir a ordem bíblica: “Educa o rapaz segundo o caminho que é para ele.” — Provérbios 22:6.
A instrução adequada dos filhos pequenos inclui ler em voz alta para eles. A Bíblia nos informa que o discípulo cristão Timóteo, do primeiro século, ‘conhecia os escritos sagrados desde a infância’. Portanto, obviamente Eunice, sua mãe, e sua avó Lóide liam para ele em voz alta quando ainda era bebê. (2 Timóteo 1:5; 3:14, 15) É bom fazer isso tão logo comece a falar com o bebê. Mas o que se deve ler e qual é a melhor maneira de ensinar uma criancinha?
Leia a Bíblia para os seus filhos. Evidentemente era a leitura desse livro que Timóteo escutava. Estão também disponíveis livros que ajudam as crianças a se familiarizar com a Bíblia por meio de gravuras coloridas, que facilitam a visualização das coisas que a Bíblia ensina. Por exemplo, há os livros Meu Livro de Histórias Bíblicas e O Maior Homem Que Já Viveu, que ajudaram milhões de crianças a gravar na mente e no coração os ensinamentos bíblicos.
Conforme explica a Bíblia: “Os filhos [e as filhas] são uma herança da parte de Jeová; o fruto do ventre é uma recompensa.” (Salmo 127:3) Seu Criador entregou aos seus cuidados “uma herança”, um bebê maravilhoso, que poderá ser fonte de orgulho e alegria para você. Criar filhos, especialmente para se tornarem louvadores de seu Criador, é na verdade uma carreira recompensadora!
* Não só hormônios do estresse, mas também nicotina, álcool e outras drogas podem ser prejudiciais para o feto. Mulheres grávidas devem evitar por completo toda substância perigosa. Além do mais, é fundamental verificar com o médico se remédios consumidos pela mãe podem afetar o bebê.
# Se a mãe estiver sentindo tristeza e desesperança profundas, além de desinteresse pelo bebê e pelo mundo, ela pode estar com depressão pós-parto. Se isso for constatado, ela deve consultar um obstetra. Veja a Despertai! de 22 de julho de 2002, páginas 19-23 e a de 8 de junho de 2003, páginas 21-3.
% Queira ler o artigo “As alegrias e os desafios de ser avós”, na Despertai! de 22 de março de 1999.

Ler para os filhos deve começar nos primeiros anos de vida


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